Foo Fighters tocou até Foo Fighters em show de três horas em São Paulo

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E a colossal figura roqueira Dave Grohl passou mais uma vez por São Paulo, 22 anos depois de sua primeira vez por aqui, com outra banda, outra pegada, outro instrumento. Depois de dois últimos álbuns “mais ou menos” por vir de quem vem e após saber todas as piadas, frasezinhas padrão e maneirismos de estilo do cara que um dia foi do Nirvana. Nesse tempo todo, contando show de estreia da banda na Inglaterra no Reading Festival, show em Halloween, show-surpresa, show fechado, show escancaradamente aberto, show no Rock in Rio, show em arena no interior britânico, show em umas 10 cidades americanas (até Las Vegas), em dezembro passado, show com o Nirvana, eu devo ter visto o Dave Grohl e consequentemente o Foo Fighters umas 147 vezes (145: duas foi o Nirvana).
Então, desta vez, na minha cidade, troquei Dave Grohl por uma outra festa, menos rock, um tanto quanto selvagem, numa outra altitude. E passei a bola para o amigo Alexandre Gliv Zampieri cuidar do Grohl por mim. E, pelos olhos do Alexandre, São Paulo e Dave Grohl se encontraram da seguinte maneira.
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Foo Fighters em SP, por Alexandre Zampieri

* Janeiro de 1993. A maior banda do mundo à época fazia no Morumbi seu polêmico show em São Paulo (como lembramos aqui há poucos dias). Uma das peças fundamentais, o cara com o punch necessário para fazer a coisa toda funcionar em definitivo, estava lá no fundo do palco, atrás das baquetas. Kurt se foi, deixando aquele cara pronto para passar o resto da vida vivendo a sombra do que um dia foi o Nirvana… Ou não.
Janeiro de 2015. Exatamente no mesmo estádio, Dave Grohl, agora a frente do palco de outra das maiores bandas do mundo, definitivamente já superou tudo isso acima
faz muito tempo. Com uma banda ainda mais entrosada do que a que vimos no Lollapalooza em 2012,
(e a voz dessa vez sem problemas), o Foo Fighters chegou gigante sexta-feira passada, esbanjando vários hits em versões mais, digamos “anabolizadas” e muito mas muito rock em quase três horas de apresentação!
Antes mesmo dos primeiros acordes, já na entrada do palco e na reação das pessoas,
já dava para ter uma noção bem boa de como a coisa toda seria. De “Something from Nothing”, do último album, até “I’ll Stick Around”, do primeiro, ficou clara a boa intenção de não deixar nenhuma fase ou disco da banda de fora.
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Lá pela quinta canção, Dave elogia a platéia, agradece e diz: “Vocês são um público barulhento e nós gostamos assim, mas por favor não percam as vozes porque a noite será bem longa e nós queremos ouvir vocês cantando em todas as músicas”, falou, com “jeitinho”, para a plateia de fãs que se esgoelavam em cada intervalinho de música com “Oooohs” de futebol para saldar o FF no estilo “brazilian way”. Até Grohl se encheu um pouco, haha.
Voltando a falar sobre as versões, na verdade, a grande maioria das jams que extendiam várias músicas mostraram o potencial da banda em disparar um hit e criar uma reação animal da platéia, se divertir um pouco no meio das canções, e, ao retomar à original, voltar a ter a mesma reação de início. Apesar de esse esquema música-e-homenagem fluir muito bem, sempre fica o sentimento de que no lugar disso poderiam ter mais músicas. Mas é de Dave Grohl homenagear o rock e seus ídolos, sempre que pode. Fica como se fosse um ensaio para ele. Ensaio com 60 mil fãs vendo.
De fato, a esticada no meio (depois de um início tão poderoso) de “Monkey Wrench” foi um pouco além e notei várias pessoas dando uma breve dispersada e trocando umas ideias… Mas, nesta e noutras, quando voltou em definitivo para terminar a canção todas as atenções foram reconquistadas intensamente.
Indo sozinho até o final da rampa central que saia do palco e avançava bem a frente, Grohl finalmente pareceu perceber o tamanho do público e fez questão de interagir com a galera nos extremos do estádio. Rápida pausa para um sempre cafona pedido de casamento. “Se você for realmente fazer isso, que seja em um show do Foo Fighters na frente de mais de 60 mil pessoas, não é?”, Grohl deu sua bênção ao casal.
E, após algumas canções acústicas, Dave já de volta à guitarra, retoma a atenção de todos enquanto leva boa parte de “Times Like These: sozinho, enquanto “quase” que surpreendemente a banda inteira ressurge um pouco atrás mas ainda literalmente no meio galera, espremida em um palco giratório para terminar a música e uma sessão de covers.
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Com a turnê do album/projeto “Sonic Highways”, o Foo Fighters mostrou a preocupação em
celebrar suas raízes, construindo e gravando um disco baseado na história da música
que os influenciou. Bem Dave Grohl, como já dissemos, goste ou não. E toda essa fase “classic rock” também entrou forte no show.
Brincando com “Tom Sawyer”, do Rush (e abandonada logo no início, porque
segundo Dave, só o baterista Taylor Hawkins conseguiria tocar inteira), e “War Pigs”,
do Black Sabbath, ainda rolaram covers do Kiss, The Faces e duas músicas do Queen:
“Tie Your Mother Down” (com Dave na batera e Taylor nos vocais) e, talvez a cover
mais bem recebida, “Under Pressure” (com Dave e Taylor alternando os vocais).
Ghrol deixou bem claro que ali era um dos momentos que a banda mais se divertia, mas daí fez a
pergunta tudo-a-ver para a ocasião: “Ei… E se tocássemos uma música
do Foo Fighters?”. E com o riff de “All My Life” (e a banda voltando correndo para o palco principal), para começar o que seria a bombástica reta final.
O coro impressionante da galera em “Best Of You”, que seguiu por um bom tempo mesmo após a música terminar, acabou emocionando a banda e fez Dave (antes de emendar a saideira clássica “Everlong”) garantir que, entre tantos shows, esse foi verdadeiramente “inesquecível”…
Enfim, o de sempre. Mas não necessariamente “o de sempre” não quer dizer que não tenha sido bom.
** Menção Honrosa: Seria injusto demais não destacar a abertura do sempre empolgado Ricky Wilson e o seu Kaiser Chiefs, que mandou muito bem e conseguiu uma ótima reação no geral, especialmente e infalivelmente na hora que tocaram o “clássico” “Ruby”, que seu maior hit por aqui. O grupo inglês mostrou ainda vários singles um pouco menos conhecidos e algumas boas músicas do último album. Kaiser Chiefs, incrível, insiste em não morrer.
*** O show do Foo Fighters em SP, inteiro, foi assim...

*** Fotos deste post são da Time for Fun, a produtora do show.