segunda-feira, 22 de novembro de 2010

.( Luto pela Daniela ...


ツ Depois de algum tempo você aprende a diferença,
a sutil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma.
E você aprende que amar não significa apoiar-se.
E que companhia nem sempre significa segurança...Aprende a construir todas as suas estradas no hoje,
porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos,
e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão...E que você pode fazer coisas em um instante das quais se arrependerá pelo resto da vida...E o que importa não é o que você tem na vida,
mas quem você tem na vida...Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa…
por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas...Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve
e o que você aprendeu com elas do que com quantos aniversários você celebrou.
Aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha...Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido,
o mundo não pára para que você o conserte.
Aprende que o tempo não é algo que possa voltar.
Portanto, plante seu jardim e decore sua alma,
em vez de esperar que alguém lhe traga flores.
E você aprende que realmente pode suportar...E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida!
Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem
que poderíamos conquistar se não fosse o medo de tentar


Fizeram a gente acreditar que amor mesmo, amor pra valer, só acontece uma vez, geralmente antes dos 30 anos.
Não contaram pra nós que amor não é acionado, nem chega com hora marcada.
Fizeram a gente acreditar que cada um de nós é a metade de uma laranja, e que a vida só ganha sentido quando encontramos a outra metade.
Não contaram que já nascemos inteiros, que ninguém em nossa vida merece carregar nas costas a responsabilidade de completar o que nos falta: a gente cresce através da gente mesmo.
Se estivermos em boa companhia, é só mais agradável.
Fizeram a gente acreditar numa fórmula chamada "dois em um": duas pessoas pensando igual, agindo igual, que era isso que funcionava.
Não nos contaram que isso tem nome: anulação. Que só sendo indivíduos com personalidade própria é que poderemos ter uma relação saudável.
Fizeram a gente acreditar que casamento é obrigatório e que desejos fora de hora devem ser reprimidos.
Fizeram a gente acreditar que os bonitos e magros são mais amados, que os que transam pouco são caretas, que os que transam muito não são confiáveis, e que sempre haverá um chinelo velho para um pé torto.
Só não disseram que existe muito mais cabeça torta do que pé torto.
Fizeram a gente acreditar que só há uma fórmula de ser feliz, a mesma para todos, e os que escapam dela estão condenados à marginalidade.
Não nos contaram que estas fórmulas dão errado, frustram as pessoas, são alienantes, e que podemos tentar outras alternativas.
Ah, também não contaram que ninguém vai contar isso tudo pra gente.
Cada um vai ter que descobrir sozinho. E aí, quando você estiver muito apaixonado por você mesmo, vai poder ser muito feliz e se apaixonar por alguém"

-John Lennon-


Homenagem a Daniela Zir que partiu precocemente e deixou um vazio em sua família e amigos.

22.11.2010



Nas ruas de Porto Alegre
Porto Alegre, tuas ruas tem infinitas histórias
E em todas suas rotas, vejo o poeta e a poesia
O escrito e o escrevente, descrito nesta memória
Como o revoar das pombas, das torres da reitoria...
~
Quem me dera, seu eu fosse um filho de Veríssimo
Ou um neto de Quintana, bem que eu poderia ser
Para dar-te Porto Alegre, um verso muito ilustríssimo
E neles ilustrados as suas ruas, em seu lindo amanhecer...
~
Eu bem que poderia ser mais um ipê da Redenção
E num domingo de Bric, desfolhar-me na Bonifácio
Anunciando o outono, no final de mais um verão
Enfeitando de flores, as linhas deste meu prefácio...
~
E de lá iria com o vento, ou quem sabe ele eu seria
E assim eu correria pelo Guaíba, do Gasômetro à Ipanema
E assim atravessaria os morros dá Glória até a Serraria
E em Porto Alegre eu me esparramaria, como um simples poema...
~
E minhas palavras chegariam até Moinhos de Vento
E passeariam pela Goethe até findar-se na Mariante
E esboçariam em palavras, este meu grande sentimento
Depositadas em rimas, como uma flor lapidada em diamante...
~
Porto Alegre, quem me dera sê suas ruas falassem
E no adentrar da noite, suas histórias pudesse me contar
Falaria-me dos passos na madrugada, como se cantassem
As Pegadas de Bebeto Alves, nas ondas sonoras soltas no ar...
~
Há em mim um pouco do Menino Deus, andando pela Getúlio
A também um pouco do Punk, desfilando pela Osvaldo
Há todo aquele frio do vento na Andradas nas manhas de julho
E o caminho da Farrapos, do centro até São Geraldo...
~
Porto Alegre, lá me vou pela Borges seguindo a o Beira-Rio
Ou quem sabe pela Azenha, até o Olímpico Monumental
O vermelho e o azul, equilibrando-se ao teu meio-fio
Em nestas suas sendas, a história de um outro Gre-Nal...
~
Nas tuas esquinas, meninos vendem o Correio e a Zero Hora
Trazem as notícias do que foi ontem, mas não prevêem o futuro
Ah, Porto Alegre, os meus passos eu firmo em ti agora
E observo na Mauá, o detalhe de um artista pintado no muro...
~
Ah, Porto Alegre, em tuas ruas um povo que luta e protesta
Os caras pintadas, colonos sem terra, professores e suas sinetas
Também há comemoração, tri-legal tuas ruas sempre abertas
Magia simples, casas antigas, venezianas nas venetas...
~
Porto Alegre, quem me dera morrer, e assim virar poeira
Esparramando-me pelas solas dos sapatos, nas noites sem lua
Assim estaria nos seus caminhos planos, até em suas ladeiras
E me eternizaria feliz, nos ladrilhos de suas ruas...
Marco Ramos
Publicado no Recanto das Letras em 03/06/2005
Código do texto: T21769

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Mestres: Grandes Poetas | Citações | Poemas de Amigos | Poesia Temática

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Mario Quintana


Fere de leve a frase... E esquece... Nada
Convém que se repita...
Só em linguagem amorosa agrada
A mesma coisa cem mil vezes dita.

Mario Quintana

PROJETO DE PREFÁCIO

Sábias agudezas... refinamentos...
- não!
Nada disso encontrarás aqui.
Um poema não é para te distraíres
como com essas imagens mutantes de caleidoscópios.
Um poema não é quando te deténs para apreciar um detalhe
Um poema não é também quando paras no fim,
porque um verdadeiro poema continua sempre...
Um poema que não te ajude a viver e não saiba preparar-te para a morte
não tem sentido: é um pobre chocalho de palavras.

Mario Quintana

DO AMOROSO ESQUECIMENTO

Eu agora - que desfecho!
Já nem penso mais em ti...
Mas será que nunca deixo
De lembrar que te esqueci?

Mario Quintana - Espelho Mágico


AH! OS RELÓGIOS

Amigos, não consultem os relógios
quando um dia eu me for de vossas vidas
em seus fúteis problemas tão perdidas
que até parecem mais uns necrológios...

Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida - a verdadeira -
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.

Inteira, sim, porque essa vida eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual, uma porção.

E os Anjos entreolham-se espantados
quando alguém - ao voltar a si da vida -
acaso lhes indaga que horas são...

Mario Quintana - A Cor do Invisível

DAS UTOPIAS

Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos se não fora
A mágica presença das estrelas!

Mario Quintana - Espelho Mágico

POEMINHO DO CONTRA

Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!

Mario Quintana

O SILÊNCIO

Convivência entre o poeta e o leitor, só no silêncio da leitura a sós. A sós, os dois. Isto é, livro e leitor. Este não quer saber de terceiros, n ão quer que interpretem, que cantem, que dancem um poema. O verdadeiro amador de poemas ama em silêncio...

Mario Quintana - A vaca e o hipogrifo

EU ESCREVI UM POEMA TRISTE

Eu escrevi um poema triste
E belo, apenas da sua tristeza.
Não vem de ti essa tristeza
Mas das mudanças do Tempo,
Que ora nos traz esperanças
Ora nos dá incerteza...
Nem importa, ao velho Tempo,
Que sejas fiel ou infiel...
Eu fico, junto à correnteza,
Olhando as horas tão breves...
E das cartas que me escreves
Faço barcos de papel!

Mario Quintana - A Cor do Invisível

SINÔNIMOS

Esses que pensam que existem sinônimos, desconfio que não sabem distinguir as diferentes nuanças de uma cor.

Mario Quintana (Caderno H)

CANÇÃO DO AMOR IMPREVISTO

Eu sou um homem fechado.
O mundo me tornou egoísta e mau.
E a minha poesia é um vício triste,
Desesperado e solitário
Que eu faço tudo por abafar.

Mas tu apareceste com a tua boca fresca de madrugada,
Com o teu passo leve,
Com esses teus cabelos...

E o homem taciturno ficou imóvel, sem compreender
nada, numa alegria atônita...

A súbita, a dolorosa alegria de um espantalho inútil
Aonde viessem pousar os passarinhos.

Mario Quintana

POEMA

Mas por que datar um poema? Os poetas que põem datas nos seus poemas me lembram essas galinhas que carimbam os ovos...

Mario Quintana (Caderno H)

RECORDO AINDA

Recordo ainda... e nada mais me importa...
Aqueles dias de uma luz tão mansa
Que me deixavam, sempre, de lembrança,
Algum brinquedo novo à minha porta...

Mas veio um vento de Desesperança
Soprando cinzas pela noite morta!
E eu pendurei na galharia torta
Todos os meus brinquedos de criança...

Estrada afora após segui... Mas, aí,
Embora idade e senso eu aparente
Não vos iludais o velho que aqui vai:

Eu quero os meus brinquedos novamente!
Sou um pobre menino... acreditai!...
Que envelheceu, um dia, de repente!...

Mario Quintana

O TRÁGICO DILEMA

Quando alguém pergunta a um autor o que este quis dizer, é porque um dos dois é burro.

Mario Quintana (Caderno H)

BILHETE

Se tu me amas,
ama-me baixinho.

Não o grites de cima dos telhados,
deixa em paz os passarinhos.

Deixa em paz a mim!

Se me queres,
enfim,

.....tem de ser bem devagarinho,
.....amada,

.....que a vida é breve,
.....e o amor
.....mais breve ainda.

Mario Quintana

OS POEMAS

Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto;
alimentam-se um instante em cada
par de mãos e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...

Mario Quintana - Esconderijos do Tempo

SEISCENTOS E SESSENTA E SEIS

A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são 6 horas: há tempo...
Quando se vê, já é 6ªfeira...
Quando se vê, passaram 60 anos...
Agora, é tarde demais para ser reprovado...
E se me dessem - um dia - uma outra oportunidade,
eu nem olhava o relógio.
seguia sempre, sempre em frente ...

E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas.

Mario Quintana ( In: Esconderijo do tempo)

O amor é quando a gente mora um no outro.

Mario Quintana

SIMULTANEIDADE

- Eu amo o mundo! Eu detesto o mundo! Eu creio em Deus! Deus é um absurdo! Eu vou me matar! Eu quero viver!
- Você é louco?
- Não, sou poeta.

Mario Quintana - A vaca e o hipogrifo (Poesia Completa, p. 535)

ESPELHO

Por acaso, surpreendo-me no espelho:
Quem é esse que me olha e é tão mais velho que eu? (...)
Parece meu velho pai - que já morreu! (...)
Nosso olhar duro interroga:
"O que fizeste de mim?" Eu pai? Tu é que me invadiste.
Lentamente, ruga a ruga... Que importa!
Eu sou ainda aquele mesmo menino teimoso de sempre
E os teus planos enfim lá se foram por terra,
Mas sei que vi, um dia - a longa, a inútil guerra!
Vi sorrir nesses cansados olhos um orgulho triste...

Mario Quintana

Um bom poema é aquele que nos dá a impressão
de que está lendo a gente ... e não a gente a ele!

Mario Quintana - A vaca e o hipogrifo

A RUA DOS CATAVENTOS

Da vez primeira em que me assassinaram,
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha.
Depois, a cada vez que me mataram,
Foram levando qualquer coisa minha.

Hoje, dos meu cadáveres eu sou
O mais desnudo, o que não tem mais nada.
Arde um toco de Vela amarelada,
Como único bem que me ficou.

Vinde! Corvos, chacais, ladrões de estrada!
Pois dessa mão avaramente adunca
Não haverão de arracar a luz sagrada!

Aves da noite! Asas do horror! Voejai!
Que a luz trêmula e triste como um ai,
A luz de um morto não se apaga nunca!

Mario Quintana

CLAREIRAS

Se um autor faz você voltar atrás na leitura, seja de um período ou de uma simples frase, não o julgue profundo demais, não fique complexado: o inferior é ele.

A atual crise de expressão, que tanto vem alarmando a velha-guarda que morre mas não se entrega, não deve ser propriamente de expressão, mas de pensamento. Como é que pode escrever certo quem não sabe ao certo o que procura dizer?

Em meio à intrincada selva selvaggia de nossa literatura encontram-se às vezes, no entanto, repousantes clareiras. E clareira pertence à mesma família etimológica de clareza... Que o leitor me desculpe umas considerações tão óbvias. É que eu desejava agradecer, o quanto antes, o alerta repouso que me proporcionaram três livros que li na última semana: Rio 1900 de Brito Broca, Fronteira, de Moysés Vellinho e Alguns Estudos, de Carlos Dante de Moraes.

Porque, ao ler alguém que consegue expressar-se com toda a limpidez, nem sentimos que estamos lendo um livro: é como se o estivéssemos pensando.

E, como também estive a folhear o velho Pascall, na edição Globo, encontrei providencialmente em meu apoio estas palavras, à pág. 23 dos Pensamentos:

"Quando deparamos com o estilo natural, ficamos pasmados e encantados, como se esperássemos ver um autor e encontrássemos um homem".

Mario Quintana - A vaca e o hipogrifo

PEQUENO ESCLARECIMENTO

Os poetas não são azuis nem nada, como pensam alguns supersticiosos, nem sujeitos a ataques súbitos de levitação. O de que eles mais gostam é estar em silêncio - um silêncio que subjaz a quaisquer escapes motorísticos e declamatórios. Um silêncio... Este impoluível silêncio em que escrevo e em que tu me lês.

Mario Quintana - A vaca e o hipogrifo

POEMA DA GARE DE ASTAPOVO

O velho Leon Tolstoi fugiu de casa aos oitenta anos
E foi morrer na gare de Astapovo!
Com certeza sentou-se a um velho banco,
Um desses velhos bancos lustrosos pelo uso
Que existem em todas as estaçõezinhas pobres do mundo
Contra uma parede nua...
Sentou-se ...e sorriu amargamente
Pensando que
Em toda a sua vida
Apenas restava de seu a Gloria,
Esse irrisório chocalho cheio de guizos e fitinhas
Coloridas
Nas mãos esclerosadas de um caduco!
E entao a Morte,
Ao vê-lo tao sozinho aquela hora
Na estação deserta,
Julgou que ele estivesse ali a sua espera,
Quando apenas sentara para descansar um pouco!
A morte chegou na sua antiga locomotiva
(Ela sempre chega pontualmente na hora incerta...)
Mas talvez não pensou em nada disso, o grande Velho,
E quem sabe se ate não morreu feliz: ele fugiu...
Ele fugiu de casa...
Ele fugiu de casa aos oitenta anos de idade...
Não são todos que realizam os velhos sonhos da infância!

Mario Quintana

I

Escrevo diante da janela aberta.
Minha caneta é cor das venezianas:
Verde!... E que leves, lindas filigranas
Desenha o sol na página deserta!

Não sei que paisagista doidivanas
Mistura os tons... acerta... desacerta...
Sempre em busca de nova descoberta,
Vai colorindo as horas quotidianas...

Jogos da luz dançando na folhagem!
Do que eu ia escrever até me esqueço...
Pra que pensar? Também sou da paisagem...

Vago, solúvel no ar, fico sonhando...
E me transmuto... iriso-me... estremeço...
Nos leves dedos que me vão pintando!

Mario Quintana - A Rua dos Cataventos

DO ESTILO

O estilo é uma dificuldade de expressão.

Mario Quintana (Caderno H)

OBSESSÃO DO MAR OCEANO

Vou andando feliz pelas ruas sem nome...
Que vento bom sopra do Mar Oceano!
Meu amor eu nem sei como se chama,
Nem sei se é muito longe o Mar Oceano...
Mas há vasos cobertos de conchinhas
Sobre as mesas... e moças na janelas
Com brincos e pulseiras de coral...
Búzios calçando portas... caravelas
Sonhando imóveis sobre velhos pianos...
Nisto,
Na vitrina do bric o teu sorriso, Antínous,
E eu me lembrei do pobre imperador Adriano,
De su'alma perdida e vaga na neblina...
Mas como sopra o vento sobre o Mar Oceano!
Se eu morresse amanhã, só deixaria, só,
Uma caixa de música
Uma bússola
Um mapa figurado
Uns poemas cheios de beleza única
De estarem inconclusos...
Mas como sopra o vento nestas ruas de outono!
E eu nem sei, eu nem sei como te chamas...
Mas nos encontramos sobre o Mar Oceano,
Quando eu também já não tiver mais nome.

Mario Quintana - O Aprendiz de Feiticeiro

DA OBSERVAÇÃO

Não te irrites, por mais que te fizerem...
Estuda, a frio, o coração alheio.
Farás, assim, do mal que eles te querem,
Teu mais amável e sutil recreio...

Mario Quintana - Espelho Mágico

DOS MUNDOS

Deus criou este mundo. O homem, todavia,
Entrou a desconfiar, cogitabundo...
Decerto não gostou lá muito do que via...
E foi logo inventando o outro mundo.

Mario Quintana - Espelho Mágico

DA DISCRIÇÃO

Não te abras com teu amigo
Que ele um outro amigo tem.
E o amigo do teu amigo
Possui amigos também...

Mario Quintana - Espelho Mágico

A VERDADEIRA ARTE DE VIAJAR

A gente sempre deve sair à rua como quem foge de casa,
Como se estivessem abertos diante de nós todos os caminhos do mundo.
Não importa que os compromissos, as obrigações, estejam ali...
Chegamos de muito longe, de alma aberta e o coração cantando!

Mario Quintana - A verdadeira cor do invisível

O MAPA

Olho o mapa da cidade
Como quem examinasse
A anatomia de um corpo...

(É nem que fosse o meu corpo!)

Sinto uma dor infinita
Das ruas de Porto Alegre
Onde jamais passarei...

Há tanta esquina esquisita,
Tanta nuança de paredes,
Há tanta moça bonita
Nas ruas que não andei
(E há uma rua encantada
Que nem em sonhos sonhei...)

Quando eu for, um dia desses,
Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco do nada
Invisível, delicioso

Que faz com que o teu ar
Pareça mais um olhar,
Suave mistério amoroso,
Cidade de meu andar
(Deste já tão longo andar!)

E talvez de meu repouso...

Mario Quintana - Apontamentos de História Sobrenatural

OS DEGRAUS

Não desças os degraus do sonho
Para não despertar os monstros.
Não subas aos sótãos - onde
Os deuses, por trás das suas máscaras,
Ocultam o próprio enigma.
Não desças, não subas, fica.
O mistério está é na tua vida!
E é um sonho louco este nosso mundo...

Mario Quintana - Baú de Espantos

DESTINO ATROZ

Um poeta sofre três vezes: primeiro quando ele os sente, depois quando ele os escreve e, por último, quando declamam os seus versos.

Mario Quintana (Caderno H)

POEMINHA SENTIMENTAL

O meu amor, o meu amor, Maria
É como um fio telegráfico da estrada
Aonde vêm pousar as andorinhas...
De vez em quando chega uma
E canta
(Não sei se as andorinhas cantam, mas vá lá!)
Canta e vai-se embora
Outra, nem isso,
Mal chega, vai-se embora.
A última que passou
Limitou-se a fazer cocô
No meu pobre fio de vida!
No entanto, Maria, o meu amor é sempre o mesmo:
As andorinhas é que mudam.

Mario Quintana - Preparativos de Viagem

SEMPRE QUE CHOVE

Sempre que chove
Tudo faz tanto tempo...
E qualquer poema que acaso eu escreva
Vem sempre datado de 1779!

Mario Quintana - Preparativos de Viagem

INSCRIÇÃO PARA UM PORTÃO DE CEMITÉRIO

Na mesma pedra se encontram,
Conforme o povo traduz,
Quando se nasce - uma estrela,
Quando se morre - uma cruz.
Mas quantos que aqui repousam
Hão de emendar-nos assim:
"Ponham-me a cruz no princípio...
E a luz da estrela no fim!"

Mario Quintana - A Cor do Invisível

O PIOR

O pior dos problemas da gente é que ninguém tem nada com isso.

Mario Quintana - Caderno H

EXAME DE CONSCIÊNCIA

Se eu amo o meu semelhante? Sim. Mas onde encontrar o meu semelhante?

Mario Quintana - Caderno H

A GRANDE SURPRESA

Mas que susto não irão levar essas velhas carolas se Deus existe mesmo...

Mario Quintana - Caderno H

EVOLUÇÃO

O que me impressiona, à vista de um macaco, não é que ele tenha sido nosso passado: é este pressentimento de que ele venha a ser nosso futuro.

Mario Quintana - Caderno H

MÚSICA

O que mais me comove em música
São estas notas soltas
- pobres notas únicas -
Que do teclado arranca o afinador de pianos.

Mario Quintana

URBANÍSTICA

Como seriam belas as estátuas equestres se constassem apenas dos cavalos!

Mario Quintana

Canção do dia de sempre

Tão bom viver dia a dia...
A vida assim, jamais cansa...

Viver tão só de momentos
Como estas nuvens no céu...

E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência... esperança...

E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.

Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.

Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!

E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas...

Mario Quintana

PRESENÇA

É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento
das horas ponha um frêmito em teus cabelos...
É preciso que a tua ausência trescale
sutilmente, no ar, a trevo machucado,
as folhas de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem nalgum móvel antigo...
Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela
e respirar-te, azul e luminosa, no ar.
É preciso a saudade para eu sentir
como sinto - em mim - a presença misteriosa da vida...
Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato...
E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te.

Mario Quintana

DA INQUIETA ESPERANÇA

Bem sabes Tu, Senhor, que o bem melhor é aquele
Que não passa, talvez, de um desejo ilusório.
Nunca me dê o Céu... quero é sonhar com ele
Na inquietação feliz do Purgatório.

Mario Quintana

DOS NOSSOS MALES

A nós bastem nossos próprios ais,
Que a ninguém sua cruz é pequenina.
Por pior que seja a situação da China,
Os nossos calos doem muito mais...

Mario Quintana

TROVA

Coração que bate-bate...
Antes deixes de bater!
Só num relógio é que as horas
Vão passando sem sofrer.

Mario Quintana

DOS MILAGRES

O milagre não é dar vida ao corpo extinto,
Ou luz ao cego, ou eloquência ao mudo...
Nem mudar água pura em vinho tinto...
Milagre é acreditarem nisso tudo!

Mario Quintana

DAS ESCOLAS

Pertencer a uma escola poética é o mesmo que ser condenado à prisão perpétua.

Mario Quintana (Caderno H)

ESPERANÇA

Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
— ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...

Mario Quintana

CUIDADO

A poesia não se entrega a quem a define.

Mario Quintana (Caderno H)

SE EU FOSSE UM PADRE

Se eu fosse um padre, eu, nos meus sermões,
não falaria em Deus nem no Pecado
- muito menos no Anjo Rebelado
e os encantos das suas seduções,

não citaria santos e profetas:
nada das suas celestiais promessas
ou das suas terríveis maldições...
Se eu fosse um padre eu citaria os poetas,

Rezaria seus versos, os mais belos,
desses que desde a infância me embalaram
e quem me dera que alguns fossem meus!

Porque a poesia purifica a alma
... a um belo poema - ainda que de Deus se aparte -
um belo poema sempre leva a Deus!

Mario Quintana

CARTAZ PARA UMA FEIRA DO LIVRO

Os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não lêem.

Mario Quintana (Caderno H)

VERSO AVULSO

...O luar é a luz do sol que está dormindo...

Mario Quintana

(Mario Quintana - Poesia Completa
Da Preguiça como Método de Trabalho
Editora Nova Aguilar
p. 672)

A SAUDADE

A saudade é o que faz as coisas pararem
no Tempo.

Mario Quintana

(Mario Quintana - Poesia Completa
Preparativos de Viagem
p. 773)

O BERÇO E O TERREMOTO

Os versos, em geral, são versos de embalar, como eu às vezes os tenho feito, não sei se por simples complacência... ou pura piedade.

Contudo, os verdadeiros versos não são para embalar - mas para abalar.

Mesmo a mais simples canção, quando a canta um Camela Lorca, desperta-te a alma para um mundo de espanto.

Mario Quintana

(Mario Quintana - Poesia Completa
Caderno H
Editora Nova Aguilar
p. 334)

BIOGRAFIA

Era um grande nome — ora que dúvida! Uma verdadeira glória. Um dia adoeceu, morreu, virou rua... E continuaram a pisar em cima dele.

Mario Quintana (Caderno H)

CANÇÃO DE BARCO E DE OLVIDO

Para Augusto Meyer

Não quero a negra desnuda.
Não quero o baú do morto.
Eu quero o mapa das nuvens
E um barco bem vagaroso.

Ai esquinas esquecidas...
Ai lampiões de fins de linha...
Quem me abana das antigas
Janelas de guilhotina?

Que eu vou passando e passando,
Como em busca de outros ares...
Sempre de barco passando,
Cantando os meus quintanares...

No mesmo instante olvidando
Tudo o de que te lembrares.

Mario Quintana (Canções)

ARTE POÉTICA

Esquece todos os poemas que fizeste. Que cada poema seja o número um.

Mario Quintana (Caderno H)

XII

Para Érico Veríssimo

O dia abriu seu pára-sol bordado
De nuvens e de verde ramaria.
E estava até um fumo, que subia,
Mi-nu-ci-o-sa-men-te desenhado.

Depois surgiu, no céu azul arqueado,
A Lua - a Lua! - em pleno meio-dia.
Na rua, um menininho que seguia
Parou, ficou a olhá-la admirado...

Pus meus sapatos na janela alta,
Sobre o rebordo... Céu é que lhes falta
Pra suportarem a existência rude!

E eles sonham, imóveis, deslumbrados,
Que são dois velhos barcos, encalhados
Sobre a margem tranqüila de um açude...

Mario Quintana (A Rua dos Cataventos)

A ARTE DE LER

O leitor que mais admiro é aquele que não chegou até a presente linha. Neste momento já interrompeu a leitura e está continuando a viagem por conta própria.

Mario Quintana (Caderno H)

O AUTO-RETRATO

No retrato que me faço
- traço a traço -
às vezes me pinto nuvem,
às vezes me pinto árvore...

às vezes me pinto coisas
de que nem há mais lembrança...
ou coisas que não existem
mas que um dia existirão...

e, desta lida, em que busco
- pouco a pouco -
minha eterna semelhança,

no final, que restará?
Um desenho de criança...
Corrigido por um louco!

Mario Quintana (Apontamentos de História Sobrenatural)

A CARTA

Quando completei quinze anos, meu compenetrado padrinho me escreveu uma carta muito, muito séria: tinha até ponto-e-vírgula! Nunca fiquei tão impressionado na minha vida.

Mario Quintana (Caderno H)

O MORTO

Eu estava dormindo e me acordaram
E me encontrei, assim, num mundo estranho e louco...
E quando eu começava a compreendê-lo
Um pouco,
Já eram horas de dormir de novo!

Mario Quintana (Apontamentos de História Sobrenatural)

A COISA

A gente pensa uma coisa, acaba escrevendo outra e o leitor entende uma terceira coisa... e, enquanto se passa tudo isso, a coisa propriamente dita começa a desconfiar que não foi propriamente dita.

Mario Quintana (Caderno H)

A CANÇÃO DA VIDA

A vida é louca
a vida é uma sarabanda
é um corrupio...
A vida múltipla dá-se as mãos como um bando
de raparigas em flor
e está cantando
em torno a ti:
Como eu sou bela
amor!
Entra em mim, como em uma tela
de Renoir
enquanto é primavera,
enquanto o mundo
não poluir
o azul do ar!
Não vás ficar
não vás ficar
aí...
como um salso chorando
na beira do rio...
(Como a vida é bela! como a vida é louca!)

Mario Quintana (Esconderijos do Tempo)

AS INDAGAÇÕES

A resposta certa, não importa nada: o essencial é que as perguntas estejam certas.

Mario Quintana (Caderno H)

OS ARROIOS

Os arroios são rios guris...
Vão pulando e cantando dentre as pedras.
Fazem borbulhas d'água no caminho: bonito!
Dão vau aos burricos,
às belas morenas,
curiosos das pernas das belas morenas.
E às vezes vão tão devagar
que conhecem o cheiro e a cor das flores
que se debruçam sobre eles nos matos que atravessam
e onde parece quererem sestear.
Às vezes uma asa branca roça-os, súbita emoção
como a nossa se recebêssemos o miraculoso encontrão
de um Anjo...
Mas nem nós nem os rios sabemos nada disso.
Os rios tresandam óleo e alcatrão
e refletem, em vez de estrelas,
os letreiros das firmas que transportam utilidades.
Que pena me dão os arroios,
os inocentes arroios...

Mario Quintana (Baú de Espantos)

ARS LONGA

Um poema só termina por acidente de publicação ou de morte do autor.

Mario Quintana (Caderno H)

EU QUERIA TRAZER-TE UNS VERSOS MUITO LINDOS

Eu queria trazer-te uns versos muito lindos
colhidos no mais íntimo de mim...
Suas palavras
seriam as mais simples do mundo,
porém não sei que luz as iluminaria
que terias de fechar teus olhos para as ouvir...
Sim! Uma luz que viria de dentro delas,
como essa que acende inesperadas cores
nas lanternas chinesas de papel!
Trago-te palavras, apenas... e que estão escritas
do lado de fora do papel... Não sei, eu nunca soube o que dizer-te
e este poema vai morrendo, ardente e puro, ao vento
da Poesia...
como
uma pobre lanterna que incendiou!

Mario Quintana (Quintana de Bolso)

A VOZ

Ser poeta não é dizer grandes coisas, mas ter uma voz reconhecível dentre todas as outras.

Mario Quintana (Caderno H)

CARTA

Meu caro poeta,

Por um lado foi bom que me tivesses pedido resposta urgente, senão eu jamais escreveria sobre o assunto desta, pois não possuo o dom discursivo e expositivo, vindo daí a dificuldade que sempre tive de escrever em prosa. A prosa não tem margens, nunca se sabe quando, como e onde parar. O poema, não; descreve uma parábola tracada pelo próprio impulso (ritmo); é que nem um grito. Todo poema é, para mim, uma interjeição ampliada; algo de instintivo, carregado de emoção. Com isso não quero dizer que o poema seja uma descarga emotiva, como o fariam os românticos. Deve, sim, trazer uma carga emocional, uma espécie de radioatividade, cuja duração só o tempo dirá. Por isso há versos de Camões que nos abalam tanto até hoje e há versos de hoje que os pósteros lerão com aquela cara com que lemos os de Filinto Elísio. Aliás, a posteridade é muito comprida: me dá sono. Escrever com o olho na posteridade é tão absurdo como escreveres para os súditos de Ramsés II, ou para o próprio Ramsés, se fores palaciano. Quanto a escrever para os contemporâneos, está muito bem, mas como é que vais saber quem são os teus contemporâneos? A única contemporaneidade que existe é a da contingência política e social, porque estamos mergulhados nela, mas isto compete melhor aos discursivos e expositivos , aos oradores e catedráticos. Que sobra então para a poesia? - perguntarás. E eu te respondo que sobras tu. Achas pouco? Não me refiro à tua pessoa, refiro-me ao teu eu, que transcende os teus limites pessoais, mergulhando no humano. O Profeta diz a todos: "eu vos trago a verdade", enquanto o poeta, mais humildemente, se limita a dizer a cada um: "eu te trago a minha verdade." E o poeta, quanto mais individual, mais universal, pois cada homem, qualquer que seja o condicionamento do meio e e da época, só vem a compreender e amar o que é essencialmente humano. Embora, eu que o diga, seja tão difícil ser assim autêntico. Às vezes assalta-me o terror de que todos os meus poemas sejam apócrifos!

Meu poeta, se estas linhas estão te aborrecendo é porque és poeta mesmo. Modéstia à parte, as disgressões sobre poesia sempre me causaram tédio e perplexidade. A culpa é tua, que me pediste conselho e me colocas na insustentável situação em que me vejo quando essas meninas dos colégios vêm (por inocência ou maldade dos professores) fazer pesquisas com perguntas assim: "O que é poesia? Por que se tornou poeta? Como escrevem os seus poemas?" A poesia é dessas coisas que a gente faz mas não diz.

A poesia é um fato consumado, não se discute; perguntas-me, no entanto, que orientação de trabalho seguir e que poetas deves ler. Eu tinha vontade de ser um grande poeta para te dizer como é que eles fazem. Só te posso dizer o que eu faço. Não sei como vem um poema. Às vezes uma palavra, uma frase ouvida, uma repentina imagem que me ocorre em qualquer parte, nas ocasiões mais insólitas. A esta imagem respondem outras. Por vezes uma rima até ajuda, com o inesperado da sua associação. (Em vez de associações de idéias, associações de imagem; creio ter sido esta a verdadeira conquista da poesia moderna.) Não lhes oponho trancas nem barreiras. Vai tudo para o papel. Guardo o papel, até que um dia o releio, já esquecido de tudo (a falta de memória é uma bênção nestes casos). Vem logo o trabalho de corte, pois noto logo o que estava demais ou o que era falso. Coisas que pareciam tão bonitinhas, mas que eram puro enfeite, coisas que eram puro desenvolvimento lógico (um poema não é um teorema) tudo isso eu deito abaixo, até ficar o essencial, isto é, o poema. Um poema tanto mais belo é quanto mais parecido for com o cavalo. Por não ter nada de mais nem nada de menos é que o cavalo é o mais belo ser da Criação.

Como vês, para isso é preciso uma luta constante. A minha está durando a vida inteira. O desfecho é sempre incerto. Sinto-me capaz de fazer um poema tão bom ou tão ruinzinho como aos 17 anos. Há na Bíblia uma passagem que não sei que sentido lhe darão os teólogos; é quando Jacob entra em luta com um anjo e lhe diz: "Eu não te largarei até que me abençoes". Pois bem, haverá coisa melhor para indicar a luta do poeta com o poema? Não me perguntes, porém, a técninca dessa luta sagrada ou sacrílega. Cada poeta tem de descobrir, lutando, os seus próprios recursos. Só te digo que deves desconfiar dos truques da moda, que, quando muito, podem enganar o público e trazer-te uma efêmera popularidade.

Em todo caso, bem sabes que existe a métrica. Eu tive a vantagem de nascer numa época em que só se podia poetar dentro dos moldes clássicos. Era preciso ajustar as palavras naqueles moldes, obedecer àquelas rimas. Uma bela ginástica, meu poeta, que muitos de hoje acham ingenuamente desnecessária. Mas, da mesma forma que a gente primeiro aprendia nos cadernos de caligrafia para depois, com o tempo, adquirir uma letra própria, espelho grafológico da sua individualidade, eu na verdade te digo que só tem capacidade e moral para criar um ritmo livre quem for capaz de escrever um soneto clássico. Verás com o tempo que cada poema, aliás, impõe sua forma; uns, as canções, já vêm dançando, com as rimas de mãos dadas, outros, os dionisíacos (ou histriônicos, como queiras) até parecem aqualoucos. E um conselho, afinal: não cortes demais (um poema não é um esquema); eu próprio que tanto te recomendei a contenção, às vezes me distendo, me largo num poema que vai lá seguindo com os detritos, como um rio de enchente, e que me faz bem, porque o espreguiçamento é também uma ginástica. Desculpa se tudo isso é uma coisa óbvia; mas para muitos, que tu conheces, ainda não é; mostra-lhes, pois, estas linhas.

Agora, que poetas deves ler? Simplesmente os poetas de que gostares e eles assim te ajudarão a compreender-te, em vez de tu a eles. São os únicos que te convêm, pois cada um só gosta de quem se parece consigo. Já escrevi, e repito: o que chamam de influência poética é apenas confluência. Já li poetas de renome universal e, mais grave ainda, de renome nacional, e que no entanto me deixaram indiferente. De quem a culpa? De ninguém. É que não eram da minha família.

Enfim, meu poeta, trabalhe, trabalhe em seus versos e em você mesmo e apareça-me daqui a vinte anos. Combinado?

Mario Quintana

MARIO QUINTANA POR MARIO QUINTANA
( texto escrito pelo poeta para a revista Isto É de 14/11/1984 )

Nasci em Alegrete, em 30 de julho de 1906. Creio que foi a principal coisa que me aconteceu. E agora pedem-me que fale sobre mim mesmo. Bem! eu sempre achei que toda confissão não transfigurada pela arte é indecente. Minha vida está nos meus poemas, meus poemas são eu mesmo, nunca escrevi uma vírgula que não fosse uma confissão. Há ! mas o que querem são detalhes, cruezas, fofocas... Aí vai ! Estou com 78 anos, mas sem idade. Idades só há duas : ou se está vivo ou morto. Neste último caso é idade demais, pois foi-nos prometida a eternidade.

Nasci do rigor do inverno, temperatura : 1 grau; e ainda por cima prematuramente, o que me deixava meio complexado, pois achava que não estava pronto. Até que um dia descobri que alguém tão completo como Winston Churchill nascera prematuro – o mesmo tendo acontecido a Sir Isaac Newton ! Excusez du peu.

Prefiro citar a opinião dos outros sobre mim. Dizem que sou modesto. Pelo contrário, sou tão orgulhoso que nunca acho que escrevi algo à minha altura. Porque poesia é insatisfação, um anseio de auto-superação. Um poeta satisfeito não satisfaz. Dizem que sou tímido. Nada disso ! sou é caladão, instrospectivo. Não sei por que sujeitam os introvertidos a tratamentos. Só por não poderem ser chatos como os outros ?

Exatamente por execrar a chatice, a longuidão, é que eu adoro a síntese. Outro elemento da poesia é a busca da forma (não da fôrma), a dosagem das palavras. Talvez concorra para esse meu cuidado o fato de ter sido prático de fármacia durante 5 anos. Note-se que é o mesmo caso de Carlos Drummond de Andrade, de Alberto de Oliveira, de Erico Veríssimo – que bem sabem ( ou souberam) , o que é a luta amorosa com as palavras.

Mario Quintana ( texto escrito pelo poeta para a revista Isto É de 14/11/1984 )

OBS: As pessoas têm me pedido muito uma poesia ("Um Dia") que a dupla de cantores sertanejos Bruno e Marrone declama no início dos seus shows, que seria do Mario Quintana, mas não é. Aliás, o próprio show se chama "Um dia" e vários jornais e sites divulgaram que foi inspirado num poema de Quintana, mas nunca vi esse poema (que acho horroroso, inclusive) em livro nenhum, só circulando pela net. Se alguém me mostrar em que livro está, me diga que altero aqui. Seguem abaixo esse e outros poemas que não parecem ser de Quintana, mas circulam pela net ("o segredo não é correr atrás das borboletas...", "Deficiências", "Felicidade Realista" e outros):

Aprenda a gostar de você... - Autor Desconhecido - Não é de Mario Quintana!

Aprenda a gostar de você, a cuidar de você e, principalmente, a gostar de quem também gosta de você...
Com o passar do tempo, nossas prioridades vão mudando...
A vida profissional, a monografia de final de curso, as contas a pagar.
Mas, uma coisa parece estar sempre presente. a busca pela felicidade.
Desde pequenos ficamos nos perguntando:
- Quando será que vai chegar?
E a cada nova paquera, vez ou outra, nos pegamos na dúvida:
- Será que é ele?
Como diz o meu pai:
- Nessa idade tudo é definitivo.
Pelo menos a gente achava que era.
Cada namorado era o novo homem da sua vida.
Faziam planos, escolhiam o nome dos filhos, o lugar da lua-de-mel e, de repente... plaft!
Como num passe de mágica ele desaparecia, fazendo criar mais expectativas a respeito do próximo.
Você percebe que cair na guerra quando se termina um namoro é muito natural, mas que já não dura mais de três meses.
Agora, você procura melhor e começa a ser mais seletiva.
Procura um cara formado, bem resolvido, inteligente, com aquele papo que a deixa sentada no bar o resto da noite.
Você procura por alguém que cuide de você quando está doente, que não reclame em trocar aquele churrasco dos amigos pelo aniversário da sua avó, que sorria de felicidade quando te olha, mesmo quando está de short, camiseta e chinelo.
A gente inventa um monte de desculpas esfarrapadas, mas continuamos com a procura incessante por uma pessoa legal, que nos complete e vice-versa.
Enquanto tivermos maquiagem e perfume, vamos à luta...
Mas, bom mesmo, é se divertir com as amigas (os), rir até doer a barriga, fazer aqueles passinhos bregas de antigamente.
Olhar para o teto, cantar bem alto aquela música que você adora.
Com o tempo, você vai percebendo que para ser feliz com uma outra pessoa, você precisa, em primeiro lugar, não precisar dela.
Percebe também que aquele cara (garota) que você ama (ou acha que ama), e que não quer nada com você, definitivamente não é o homem(mulher) da sua vida.
Você aprende a gostar de você, a cuidar de você e, principalmente, a gostar de quem também gosta de você.
O segredo é não correr atrás das borboletas...
É cuidar do jardim para que elas venham até você.
No final das contas, você vai achar não quem você estava procurando, mas quem estava procurando por você!



UM DIA (ou UM DIA DESCOBRIMOS...) - Autor Desconhecido - Não é de Mario Quintana!

Um dia descobrimos que beijar uma pessoa para esquecer outra é bobagem.
Você não só não esquece a outra pessoa como pensa muito mais nela....

Um dia nós percebemos que as mulheres tem instinto "caçador" e fazem qualquer homem sofrer...

Um dia descobrimos que se apaixonar é inevitável...

Um dia percebemos que as melhores provas de amor são as mais simples...

Um dia percebemos que o comum não nos atrai...

Um dia saberemos que ser classificado como o "bonzinho" não é bom...

Um dia perceberemos que a pessoa que nunca te liga é a que mais pensa em você...

Um dia saberemos a importância da frase: "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas..."

Um dia percebemos que somos muito importantes para alguém, mas não damos valor a isso...

Um dia percebemos como aquele amigo faz falta, mas aí já é tarde demais...

Enfim... um dia descobrimos que apesar de viver quase um século esse tempo todo não é suficiente para realizarmos todos os nossos sonhos, para beijarmos todas as bocas
que nos atraem, para dizer tudo o que tem que ser dito naquele momento.

Não existe hora certa para dizer o que sentimos se quem estiver te ouvindo não te compreender, não te merecer...

O jeito é: ou nos conformamos com a falta de algumas coisas na nossa vida ou lutamos para realizar todas as nossas loucuras...

Quem não compreende um olhar tampouco compreenderá uma longa explicação.

Autor Desconhecido - Não é de Mario Quintana!

O TEMPO - Autor Desconhecido - Não é de Mario Quintana!

Com o tempo, você vai percebendo que para ser feliz com uma outra pessoa, você precisa, em primeiro lugar, não precisar dela.

Percebe também que aquele alguém que você ama (ou acha que ama) e que não quer nada com você, definitivamente não é o alguém da sua vida. Você aprende a gostar de você, a cuidar de você e, principalmente, a gostar de quem também gosta de você.

O segredo é não correr atrás das borboletas... é cuidar do jardim para que elas venham até você.

No final das contas, você vai achar não quem você estava procurando, mas quem estava procurando por você!

Autor Desconhecido - Não é de Mario Quintana!

Leia aqui mais sobre os falsos quintanas

Cronologia da Vida e Obra de Mario Quintana

1906 - Nasce Mario Quintana na noite muito fria de 30 de julho, na cidade de Alegrete, Rio Grande do Sul. Ë o quarto filho de Celso de Oliveira Quintana, farmacêutico, e de Dona Virgínia de Miranda Quintana.

1913 - Aprende a ler no Jornal Correio do Povo. Aprende noções de francês com seus pais.

1914 - Freqüenta a Escola Elementar mista de Dona Mimi Contino.

1915 - Passa a freqüentar a escola do mestre português Antônio Cabral Beirão, ali concluindo o curso primário.

1919 - Ë matriculado no Colégio Militar de Porto Alegre, em regime de internato. Publica suas suas primeiras
produções literárias na revista Hyloea, órgão da Sociedade Cívica e Literária dos alunos do Colégio.

1924 - Deixa o Colégio Militar. Emprega-se na Livraria do Globo, trabalhando com Mansueto Bernardi durante três meses .

1925 - Retorna a Alegrete, passando a trabalhar na farmácia de seu pai.

1926 - Morre sua mãe. Ë premiado em um concurso de contos do jornal Diário de Notícias de Porto Alegre com o trabalho A Sétima Personagem.

1927 - Morre seu pai. Tem um poema seu publicado no Rio de Janeiro, por iniciativa do cronista Alvaro Moreyra, na revista dirigida por este, Para Todos.

1929 - Ingressa na redação do jornal O Estado do Rio Grande, dirigido por Raul Pilla, em Porto Alegre.

1930 - Inicia a colaboração para a Revista do Globo. Alista-se como voluntário do Sétimo Batalhão de Caçadores de Porto Alegre, partindo para seis meses no Rio de janeiro.

1931 - Regressa a Porto Alegre e à redação de O Estado do Rio Grande.

1934 - Tem sua primeira tradução publicada: Palavras e Sangue, de Giovanni Papini, pela Editora Globo. Começa a traduzir efetivamente para a Editora Globo. Traduz, entre outros autores: Fred Marsyat, Alessandro Varaldo, Emil Ludwig, Lin Yutang, Charles Morgan, Marcel Proust, Virginia Woolf.

1940 - É publicado A Rua dos Cataventos, livro de sonetos, pela Editora Globo, Porto Alegre. Tal é a repercussão, que vários de seus sonetos foram transcritos em antologias e livros escolares.

1943 - Começa a publicar Do Caderno H na Revista Província de São Pedro.

1946 - Publicação de Canções, poemas, pela Editora Globo, Porto Alegre.

1948 - Publicação de Sapato Florido, poesia e prosa, pela Editora Globo. Publicação de O Batalhão das Letras, Editora Globo.

1950 - Publicação de O Aprendiz de Feitiçeiro, versos, pela Editora Fronteira, Porto Alegre.

1951 - Publicação de Espelho Mágico, coleção de quartetos, que traz na orelha o comentário de Monteiro Lobato, Editora Globo.
1953 - Publicação de Inéditos e Esparsos, Editora Cadernos de Extremo Sul, Alegrete. Ingressa no jornal Correio do Povo, onde passa a publicar Do Caderno H, até 1967.

1962 - Publicação de Poesias, reunião das obras: A Rua dos Cataventos, Canções, Sapato Florido, Espelho Mágico, O Aprendiz de Feiticeiro, esta primeira edição sobre os auspícios da divisão de cultura da Secretaria de Educação e Cultura do Rio Grande do Sul, Editora Globo.

1966 - Publicação de Antologia Poética, coletânea de poesia e outros trabalhos inéditos, organizada por Ruben Braga e Paulo Mendes Campos, pela Editora do Autor, Rio de Janeiro. No dia 25 de agosto o poeta é saudado na Sessão da Academia Brasileira de Letras por Augusto Meyer e Manuel Bandeira, este recitando poema de sua autoria: Leia o Poema clicando aqui. Recebe, em dezembro, o Prêmio Fernando Chinaglia para o "melhor livro do ano", com Antologia Poética. No dia 30 de julho ( seus sessenta anos), Paulo Mendes campo publica em sua coluna na revista Manchete uma carta a Mario Quintana: "...Alguns dos teus poemas e muitos dos teus versos não precisam estar impressos em tinta e papel: eu os carrego de cores, às vezes, brotam espontaneamente de mim como se fossem meus. De certo modo, são meus, e hás de convir que a glória maior do poeta é conceder essa parcerias anônimas pelo mundo...".

1967 - Recebe o Título de Cidadão Honorário de Porto Alegre, conferido pela Câmara de Veredores, ocasião em que profere as seguintes palavras: "Antes ser poeta era um agravante, depois passou a ser uma atenuante, mas diante disso, vejo que ser poeta é agora uma credencial." Passa a publicar Do Caderno H no Caderno de Sábado do Correio do Povo, até 1980.

1968 - Poeta é homenageado pela Prefeitura de sua terra natal com placa em bronze na praça principal de cidade, onde estão inscritas as suas palavras: "Um engano em bronze é um engano eterno." Morre seu irmão mais velho, Milton

1973 - Publicação Do Caderno H, coletânea selecionada pelo autor, pela Editora Globo. A respeito, diz Paulo Rónai: "Espetáculo da melhor prosa que se escreve entre nós, provam a utilidade da poesia e dos poetas.’

1975 – Publicação de Pé de Pilão, poesia infanto - juvenil, co-edição do Instituto Estadual do Livro/DAC/SEC com a Editora Garatuja. Introdução de Erico Verissimo: "...Descobri outro dia que o Quintana na verdade é um anjo disfarçado de homem. Às vezes, quando ele se descuida ao vestir o casaco, suas asas ficam de fora. (Ah! Como anjo seu nome não é Mario e sim Malaquias)...".

1976 - Ao completar setenta anos de idade , recebe inúmeras homenagens. Entre elas, recebe a medalha Negrinho do Pastoreio, do Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Publicação de Apontamentos de História Sobrenatural, poesia, pelo Instituto Estadual do Livro/DAC/SEC e Editora Globo. Publicação de Quintanares, edição - brinde de Poesias, distribuída pela MPM.

1977 - Publicação de A Vaca e o Hipogrifo pela Editora Garatuja, Porto Alegre. Recebe o Prêmio Pen Clube de Poesia Brasileira para Apontamentos de Historia do Sobrenatural.

1978 - Morre sua irmã Dona Marieta Quintana Leães. Publicação de Prosa e Verso, antologia para didática, Editora Globo. Publicação de Chew me up slowly, tradução Do Caderno H por Maria da Glória Bordini e Diane Grosklaus, pela Editora Globo e Riocell.

1979 - Publicação de Na Volta da Esquina, antologia que constitui o quarto volume da Coleção RBS - Editora Globo. Publicação, em Buenos Aires, de Objetos Perdidos Y Otros Poemas, tradução de Estela dos Santos, organizado por Santiago Kovadloff.

1980 - Publicaçào de Esconderijos do Tempo, pela L & PM Editores. Recebe o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto de suas obras literárias, no dia 17 de julho. Integra, com Cecília Meireles, Vinícius de Moraes e Henriqueta Lisboa, o sexto volume da coleção didática Para gostar de Ler, publicação da Editora Ática.

1981 - Participa da Jornada de Literatura Sul - Rio-Grandense em Passo Fundo, organizada pela Universidade de Passo Fundo e 7o Delegacia de Educação. É homenageado, com Josué Guimarães e Deonísio da Silva, pela Câmara de Indústria, Comércio, Agropecuária e Serviços de Passo Fundo. Cerca de duzentas crianças entregaram botões de rosa e cravos a Mario Quintana. Recomeça a publicar Do Caderno H, agora no Caderno Letras & Livros do Correio do Povo, até 1984, quando o jornal encerra temporariamente suas atividades. Publicação de Nova Antologia Poética, pela CODECRI, Rio de Janeiro.

1982 - No dia 29 de outubro recebe o título de Doutor Honoris Causa, concedido pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em cerimônia realizada no salão de festas da Reitoria da Universidade.

1983 - Publicação do IV volume da coleção Os Melhores Poemas, este volume dedicado a Mario Quintana. Antologia com seleção de textos por Fausto Cunha, Global Editora, São Paulo. Lançamento da III Festa Nacional do Disco, em Canela, RS, do álbum duplo: Antologia Poética de Mario Quintana, pela gravadora Polygram. Publicação de Lili Inventa o Mundo, seleção por Mery Weiss, de textos publicados em Letras & Livros e nas obras completas do autor, pela Editora Mercado Aberto, Porto Alegre. Através de lei promulgada em 8 de julho de 1983, após aprovação por unanimidade na Assembléia Legislativa, da proposta do deputado Ruy Carlos Ostermann, o prédio do antigo Hotel Majestic, tombado como patrimônio histórico do Estado, em 1982, passa a denominar-se Casa de Cultura Mario Quintana. Desse hotel Quintana foi hóspede de 1968 a 1980.

1984 - Publicação de Nariz de Vidro, seleção de textos por Mary Weiss, Editora Moderna, São Paulo. Publicação de O Batalhão das Letras, 2º edição, Editora Globo. Lançamento de O Sapo Amarelo, Editora Mercado Aberto, na 30ª Feira do Livro de Porto Alegre.

1985 - Publicação do Álbum Quintana dos 8 aos 80, Relatório da Diretoria SAMRIG de 1985 com texto analítico e pesquisa de Tania Franco Carvalhal, fotografia de Liane Neves, ilustrações de Liana Timm e planejamento gráfico de Marilena Gonçalves.

1986 -Completa 80 anos. É lançada a coletânea 80 Anos de Poesia, organizada por Tania Carvalhal, Editora Globo. Recebe o título de Doutor Honoris Causa pela UNISINOS e pela PUCRS. Publicação de Baú de Espantos, Globo. Reunião de 99 poemas inéditos (1982 a 1986).

1987 - Publicação de Da Preguiça Como Método de Trabalho, Globo, coletânea de crônicas Do Caderno H, Correio do Povo, ao longo de mais de 30 anos. Publicação de Preparativos de Viagem, Globo, Caderno de Confidências, reflexão do poeta sobre o mundo.

1988 - Lançamento de Porta Giratória, Globo, Rio de Janeiro, reunião de escritos em prosa, sobre o cotidiano, a infância, a morte, o amor e o tempo.

1989 - Lançamento de A Cor do Invisível, Globo, Rio de Janeiro. Recebe os títulos de Doutor Honoris Causa, da UNICAMP e da UFRJ. É eleito o Príncipe dos Poetas Brasileiros, entre escritores de todos o país. Promoção da Academia Nilopolitana de Letras, Centro de Memórias e Dados de Nilópolis e do jornal A Voz dos municípios fluminenses. É o 5º poeta a receber o título. Seus antecessores: Olavo Bilac, Alberto Oliveira, Olegário Mariano e Guilherme de Almeida.

1990 - Lançamento de Velório sem Defunto, poemas inéditos, pelo Mercado Aberto, Porto Alegre.

1992 - A Editora da UFRGS reedita, em edição comemorativa aos 50 anos da primeira publicação, A Rua dos Cataventos.

1993 - Tem poemas inéditos publicados no primeiro número da Revista Poesia Sempre, publicação semestral da Fundação Biblioteca Nacional/Departamento Nacional do Livro. Integra a antologia bilíngüe Marco Sul/Sur - Poesia, publicada Editora Tchê!, que reúne a poesia de brasileiros, uruguaios e argentinos. Tem seu texto Lili inventa o mundo montado para o teatro infantil, por Dilmar Messias. Treze de seus poemas são musicados pelo maestro Gil de Rocca Sales, para o recital de canto Coral Quintanares - apresentado pela Madrigal de Porto Alegre no dia 30 de julho (seu aniversário) na Casa de Cultura Mario Quintana.

1994 - Publicação de textos seus na revista literária Liberté - editada em Montreal, Quebec, Canadá - que dedicou seu 211o número de à literatura brasileira (junto com Assis Brasil e Moacyr Scliar). Publicação de Sapato Furado, pela editora FTD - antologia de poemas e prosas poéticas, infanto - juvenil. Publicação pelo IEL, de Cantando o Imaginário do Poeta, espetáculo musical apresentado no Teatro Bruno Kiefer pelo Coral da Casa de Cultura Mario Quintana, constituído de poemas de Mario Quintana musicados pelo maestro Adroaldo Cauduro, regente do mesmo Coral. Falece, no dia 5 de maio.

Elaborado por Suzana Kanter / Instituto Estadual do Livro
Autores Gaúchos 6 - Mario Quintana. 6o edição -1996



seleção de Fabio Rocha



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The summer is tragic Chegou o verão. E com ele …
Publicado em 23 outubro, 2003 por jululi
The summer is tragic
Chegou o verão. E com ele também chegam os pedágios, os congestionamentos na estrada, os bichos geográficos no pé e a empregada cobrando hora-extra.
Verão tambem é sinônimo de pouca roupa e muito chifre, pouca cintura e muita gordura, pouco trabalho e muita micose.
Verão é picolé de Ki-suco no palito reciclado, é milho cozido na água da torneira, é coco verde aberto pra comer a gosminha branca.
Verão é prisão de ventre de uma semana e pé inchado que não entra no tênis. Mas o principal, o ponto alto do verão é… a praia!!
Ah, como é bela a praia!
Os cachorros fazem cocô e as crianças pegam pra fazer coleção.
Os casais jogam frescobol e acertam a bolinha na cabeça das véias.
Os jovens de jet ski atropelam os surfistas, que por sua vez, miram a prancha pra abrir a cabeça dos banhistas.
O verão é Brasil, é selva, é carnaval, é tribo de índio canibal.
Todo mundo nu de pele vermelha. As mulheres de tanga, os homens de calção tão justo que dá até pra ver o veneno da flecha, e todo mundo se comendo cru.
O melhor programa pra quem vai à praia é chegar bem cedo, antes do sorveteiro, quando o sol ainda está fraco e as famílias estão chegando. É muito bonito ver aquelas pessoas carregando vinte cadeiras, três geladeiras de isopor, cinco guarda-sóis, raquete, frango, farofa, toalha, bola, balde, chapéu e prancha, acreditando que estão de férias.
Em menos de cinqüenta minutos, todos já estão instalados, besuntados e prontos pra enterrar a avó na areia.
E as crianças? Ah, que gracinha! Os bebês chorando de desidratação, as crianças pequenas se socando por uma conchinha do mar, os adolescentes ouvindo walkman enquanto dormem.
As mulheres também têm muita diversão na praia, como buscar o filho afogado e caminhar vinte quilômetros pra encontrar o outro pé do chinelo.
Já os homens ficam com as tarefas mais chatas, como perfurar um poço pra fincar o cabo do guarda-sol.
É mais fácil achar petróleo do que conseguir fazer o guarda-sol ficar em pé.
Mas tudo isso não conta, diante da alegria, da felicidade, da maravilha que é entrar no mar! Aquela água tão cristalina, que dá pra ver os cardumes de latinha de cerveja no fundo. Aquela sensação de boiar na salmoura como um pepino em conserva.
Depois de um belo banho de mar, com o rego cheio de sal e a periquita cheia de areia, vem aquela vontade de fritar na chapa.
A gente abre a esteira velha, com cheiro de velório de bode, bota o chapéu, os óculos escuros e puxa um ronco bacaninha.
Isso é paz, isso é amor, isso é o absurdo do calor.
Mas, claro, tudo tem seu lado bom. E à noite o sol vai embora. Todo mundo volta pra casa, toma banho e deixa o sabonete cheio de areia pro próximo. O xampu acaba e a gente acaba lavando a cabeça com qualquer coisa, desde o creme de barbear até desinfetante de privada. As toalhas, com aquele cheirinho de mofo que só a casa de praia oferece.
Aí, uma bela macarronada pra entupir o bucho e uma dormidinha na rede pra adquirir um bom torcicolo.
O dia termina com uma boa rodada de tranca e uma briga em família. Todo mundo vai dormir bêbado e emburrado, babando na fronha e torcendo, pra que na manhã seguinte, faça aquele sol e todo mundo possa se encontrar no mesmo inferno tropical.
(Rosana Hermann) sim, o texto é dela, apesar de algumas cópias circularem pela net como sendo do veríssimo.
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Orgulho de ser GAÚCHA

Sou gaúcho do Tchê Barbaridade

Eu sou gaúcho sim senhor, ninguém mandou ou me obrigou
Eu deveria ser gaúcho, lenço atado, bombachas, de bota, bombachas
Deus aqui me botou
Nesta querência abençoada, aqui nasci e me criei.
Ser gaúcho e coisa seria, e o de melhor que herdei.
Ser gaúcho e bom demais, por isso assim eu morrerei
Eu sou gaúcho em qualquer canto, posso até andar sem meus '' pano '‘.
Pois só meu jeito identifica, onde passo, onde chego sempre alguém grita:
'' Olha o gaúcho '', não tem engano
Eu sou gaúcho brasileiro, parte da historia farrapa
Feita de guerras não nego, são conveniências de um passado
Hoje a paz, minha bandeira, e a liberdade ,meu legado
Eu sou gaúcho sim senhor, ninguém mandou ou me obrigou
Eu deveria ser gaúcho, lenço atado, bombachas, de bota, bombachas
Deus aqui me botou
Eu sou gaúcho brasileiro, parte da historia farrapa
Feita de guerras não nego, são conveniências de um passado
Hoje a paz, minha bandeira, e a liberdade ,meu legado
Eu sou gaúcho sim senhor....eu sou gaúcho sim senhor....eu sou gaúcho sim senhor.

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