sábado, 29 de agosto de 2009

Meu aníver \o/ hoje ...


Correndo o Risco de ser Feliz
(Clarice Lispector)

Mude, mas comece devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade.
Sente-se em outra cadeira, no outro lado da mesa. Mais tarde, mude de mesa.
Quando sair, procure andar pelo outro lado da rua. Depois, mude de caminho, ande por outras ruas, calmamente, observando com atenção os lugares por onde você passa.
Tome outro ônibus.
Mude por uns tempos o estilo das roupas.
Dê seus sapatos velhos. Procure andar descalço alguns dias. Tire uma tarde inteira para passear livremente na praia, ou no parque, e ouvir o canto dos passarinhos.
Veja o mundo de outras expectativas. Abra e feche gavetas e portas com a mão esquerda.
Durma no outro lado da cama...
Depois, procure dormir em outras camas.
Assista a outros programas de tv, compre outros jornais... leia outros livros, viva outros romances, Não faça do hábito um estilo de vida. Ame a novidade.
Durma mais tarde.
Acorde mais cedo.
Aprenda uma palavra nova por dia numa outra língua.
Corrija a postura.
Coma um pouco menos, escolha comidas diferentes, novos temperos, novas cores, novas delícias.
Tente o novo todo dia, o novo lado, o novo método, o novo sabor, o novo jeito, o novo prazer, o novo amor, a nova vida.
Tente.
Busque novos amigos.
Tente novos amores. Faça novas relações.
Almoce em outros locais, vá a outros restaurantes, tome outro tipo de bebida, compre pão em outra padaria.
Almoce mais cedo, jante mais tarde ou vice-versa.
Escolha outro mercado, outra marca de sabonete, outro creme dental, tome banho em novos horários.
Use canetas de outras cores. Vá passear em outros lugares. Ame muito, cada vez mais, de modos diferentes.
Troque de bolsa, de carteira de malas, troque de carro, compre novos óculos, escreva outras poesias.
Jogue os velhos relógios, quebre delicadamente esses horrorosos despertadores.
Abra conta em outro banco.
Vá a outros cinemas, outros cabeleireiros, outros teatros, visite nossos museus.
Mude. Lembre-se de que a vida é uma só.
E pense seriamente em arrumar um outro emprego, uma nova ocupação, um trabalho mais light, mais prazeroso , mais digno, mais humano.
Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as.
Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as. Seja criativo. E aproveite para fazer uma viagem despretensiosa, longa, se possível sem destino.
Experimente coisas novas.
Troque novamente.
Mude, de novo.
Experimente outra vez.
Você certamente conhecerá coisas melhores e coisas piores do que as já conhecidas mas não é isso o que importa.
O mais importante é a mudança, o movimento, o dinamismo, a energia.
Só o que está morto não muda!
Repito por pura alegria de viver:
A salvação é pelo risco, sem o qual a vida não vale a pena.

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>> O tempo é o pai de muitas virtudes. Decepções e perdas sempre vão nos atingir, mas, com o tempo, a tristeza passa e a vida nos leva por novos caminhos. É só andar sem pressa. As respostas às suas perguntas, as soluções de seus problemas vão chegar na hora exata e mais oportuna. Quando achamos que não há saída e que tudo está fora de controle, basta dar um tempo, que tudo se ajeita. Sábio conselheiro, cicatriza as feridas e acalma as paixões indevidas, nos permitindo amadurecer por meio da reflexão. À medida que ele passa, vemos o mundo com mais clareza, percebendo que as respostas que tanto procuramos estão sempre diante de nós. O tempo é, enfim, um grande mestre que conforta, acalma e ensina. É um santo remédio, capaz de nos refazer e nos encher de esperança. O tempo também nos dá a confiança e a certeza de que toda dor, por maior que seja, logo pode se tornar mera lembrança. Não porque ele a fará diminuir ou passar, mas porque nos permitirá aceitar e entender a própria dor como símbolo de aprendizado. Pense no tempo sempre como mensageiro de boas novas, porque não há momento ruim que dure para sempre.

>> Os tempos mudam. Mas, não é só o tempo. Muda o tempo, as ações, as maneiras, os estilos, as revoltas e os gestos. Quando se sentia só - no seu tempo -, pegava seu walkman amarelo, última geração, rádio AM e FM. Trancava-se no quarto, sentada na cama de frente para a porta que escondia os diversos pôsteres de artistas tirados das revistas compradas em bancas. Ao seu lado uma pilha de fitas cassete, seu grande tesouro. Todos os sucessos do momento encontravam-se ali: Nirvana e Pearl Jam dividiam o mesmo espaço. Sim era uma pessoa eclética, uma pessoa da moda, uma jovem do seu tempo diriam outros. Quando se sente só – no seu tempo – pega seu i-pod, novinho, recém lançado (mas, já ouviu dizer que existe um melhor), vai para o quarto, ouve suas músicas, seleciona mais algumas no seu computador e passa para o seu i-pod. Na seleção tem de tudo, consegue até os últimos sucessos que nem foram lançados em CD ainda. Sites da internet, Emule, Kazaa... Nos tempos livres gostava de andar de patins. O primeiro era um mais simples, amarelo-limão (Será que o amarelo era moda? E será que existe amarelo-limão?), tinha 4 rodinhas, duas na frente, duas atrás, em cima uma tira com cadarços que serviam para amarrar com força e garantir a segurança. Nos tempos livres ela não anda com o patinete que ganhou de presente de sua mãe, ela prefere ir à academia, cuidar do corpo, afinal exagerou, comeu um chocolate de sobremesa. Ou então, escolhe um DVD para assistir um filme que ainda não viu. Quando está sozinha com seus pensamentos ela pensa nele. Pega sua “caixinha”, retira as cartas, os bilhetes trocados em aula e as fotos dos dois. Ela sonha com um futuro ao seu lado, pensa no nome dos filhos, imagina a sua casa em frente ao mar. O carro tem que ser igual ao que ela viu no filme do John Travolta. Quando está sozinha com seus pensamentos ela pensa nele. Abre os arquivos do computador, que estão escondidos dentro de pastas, sobre pastas. Lá encontra as conversas no MSN, os recados no orkut, as mais diversas fotos. Também sonha com o futuro dos dois, a lua-de-mel no exterior, a viagem de avião, e ainda escolhe o nome dos filhos. Com seus sentimentos, ela chora, ela ri, ela sonha, ela imagina. Com seus sentimentos, ela chora, ela ri, ela sonha, ela imagina. Com o tempo elas crescem, amadurecem e esquecem se da infância, da adolescência, da inocência. Os tempos mudam, mas não é só o tempo. Nós mudamos ainda mais.

Hoje é meu aníver, um dia pra ser comemorado com TUDO, eu disse TUDO que tenho direito hehe!

Um comentário:

Edson Marques disse...

Agradeço por você ter publicado meu poema MUDE.

Pena que você, por engano, disse que é de Clarice Lispector. Não é.


Detalhes no blog, ou no livro Mude.


Abraços, flores, estrelas..